Setor comemora crescimento e empresários mostram otimismo em relação ao salão de
negócios para incrementar as vendas
Os indicadores mais recentes confirmam a vigorosa recuperação da indústria da moda, que
envolve uma extensa cadeia produtiva, com os setores de vestuário, calçados, bolsas e
acessórios, bijuterias, semijoias e joias. É o que indica o Panorama Setorial da Indústria da Moda,
estudo produzido e divulgado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG).
O caminho a ser percorrido para manter essa curva de crescimento é um só: trabalho e
confiança, combinação possível com iniciativas como o Minas Trend, que a FIEMG realiza nos
dias 19 a 21 de abri, em Belo Horizonte, e que receberá cerca de 90 marcas de vários estados do
país.
O segmento da moda nacional é representado por mais de 55 mil empresas no Brasil,
responsáveis pela geração de cerca de um milhão de empregos. Em Minas Gerais, o setor reúne
atualmente 7.238 empresas, o que representa 13,4 % do total nacional, respondendo por 10,6%
dos empregos do setor no país. Os dados são do Registro Anual de Informações Sociais - RAIS do
Ministério da Economia referentes ao ano de 2020.
Dados de comércio exterior, extraídos do Comex Stat, também do Ministério da Economia,
mostram um desempenho vigoroso da indústria da moda brasileira no mercado global. As
exportações brasileiras do segmento somaram US$4,3 bilhões em 2021. As exportações do
estado totalizaram US$214,5 milhões, apontando um crescimento de 67,2% em relação a 2020
e ampliando a participação mineira em relação à brasileira de 4,2% apurados em 2012 para 5%
em 2021.
Entre os países que mais compraram a produção mineira no ano passado estão a Argentina, com
21,4%; Vietnã, com 20,2%; e Estados Unidos, que absorveram 14,7% do que foi exportado pelo
estado. Também aparecem como compradores regulares a Colômbia e o Paraguai, que somam
9,7% das exportações mineiras da indústria da moda.
Outra boa notícia para o segmento é que o saldo da balança comercial saltou de 4,3 bilhões em
2020 para 82 bilhões em 2021.
De acordo com a gerente de Economia da FIEMG, Daniela Britto, “a moda brasileira é marcada
pela beleza, pela criatividade e originalidade. O Minas Trend é uma oportunidade de reforçar o
nosso potencial de inserção no mundo”. Ela salienta que “essa tendência é confirmada pelo
crescimento paulatino das exportações do setor e pela conquista de novos mercados”.
SUDESTE LIDERA CONSUMO – De acordo com o cenário mais recente divulgado pelo IEMI
Inteligência de mercado, referente ao ano de 2020, o Brasil conta com 5,1 mil unidades
produtoras de calçados, que juntas alcançaram um resultado de 801,6 milhões de pares.
Para alcançar essa produção, apenas 2,9% foram supridos por artigos importados e, em
contrapartida, o país é um exportador líquido de calçados, com destaque para as linhas
confeccionadas em couro.
Os números do setor de calçados em MG são robustos: respondendo por 18,1% da produção
nacional, o estado gerava, em 2020, 33.690 postos de trabalho, o que representa 45.98% dos
empregos do setor em toda a região sudeste.
A distância entre quem produz e o consumidor final é encurtada pelas redes de lojas
especializadas nos produtos, revela o estudo.
MERCADO INTERNACIONAL - “As exportações estão em um ótimo momento”, resume o
presidente do Sindicalçados, Luiz Barcelos. Ele destaca que, por um conjunto de fatores, além
do câmbio alto, muitos importadores voltaram a comprar calçados do Brasil.
O fato, segundo Barcelos, é que muitos lojistas repensaram a estratégia e não querem ficar na
mão de poucos fornecedores. E praticamente toda a importação mundial de calçados estava
vindo da China. “E em razão da pandemia, os grandes compradores mundiais de calçados, tanto
europeus quanto os norte-americanos, sofreram muito com o aumento de frete, entre outros
problemas que geraram dificuldades no fornecimento”, afirma o dirigente. Uma grande
oportunidade para a produção brasileira.
ROUPA PARA TODA HORA – A expectativa do presidente do Sindivest, Rogério Vasconcelos, é
que um aquecimento ainda maior das vendas será proporcionado pelos grandes eventos, como
o Minas Trend.
Vasconcelos avalia que neste momento, em especial, existe no consumidor um movimento de
resgate de autoestima e do amor próprio, traduzido na apresentação pessoal. “As pessoas
precisam de roupas para trabalhar e para passeios mais informais, como bares, restaurantes,
teatros ou mesmo encontros em casas de amigos.
SOBRAM POSTOS DE TRABALHO - Fortemente concentrado na Região Metropolitana de Belo
Horizonte e mais pulverizado pelo interior do Estado, o setor de bolsas de Minas soma,
aproximadamente, 130 empresas. “Os desafios são grandes para o setor. Mas resiliência e
criatividade são características do nosso DNA”, resume o presidente do Sindibolsas, Celso
Afonso.
Só que o principal deles é um estímulo ao Brasil que quer emprego: falta mão-de-obra na
indústria de bolsas. “Há vagas nas empresas, mas falta a renovação dos profissionais e este se
tornou um gargalo crônico”, explica Afonso.
A diferenciação e a qualidade das marcas mineiras tornam a produção local objeto de desejo
das mulheres. “Esse reconhecimento garante a presença de nossa produção nas prateleiras das
melhores lojas do Brasil”, comemora o empresário.
INTEGRAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA - Minas é um ator relevante também na produção
nacional no setor de joias e bijuterias. E se destaca por desenvolver produtos autorais e de
qualidade.
A avaliação do presidente do Sindijoias, Manoel Bernardes, é que os grandes eventos, como o
Minas Trend, são uma ponta importante do processo, “porque nos trazem a oportunidade de
entrega deste resultado para um público muito específico - o comprador -, que promoverá a
interação de nossas criações com os clientes finais nos pontos de venda. E a forma como o salão
de negócios é concebido permite explicitar, mais facilmente, os valores intrínsecos de cada
marca e de cada coleção", conclui Bernardes, que é também empresário do setor.